A principal diversão dos jovens da lagoa dos Estrelas é o futebol. Tanto é que toda aula vaga é assim:pegamos a bola e vamos jogar na quadra de esportes da escola.
Dividimos o time e começamos a jogar. Começamos também a gritar. É uma gritaria só, uma algazarra tremenda. Um grita para tocar a bola, o outro grita para melhorar o jogo...
Até aí, tudo bem. O maior problema é D. Tina, que mora em frente à quadra: uma velha gorda, baixa, de cabelos brancos e sujos de terra. Ela procura confusão com todo mundo e quando alguém joga a bola e cai na casa dela, a criatura sai danada da vida com uma faca na mão, correndo para furar a bola dos peladeiros.
Aí, a garotada começa a aperreá-la, apelidando a velha, fazendo caretas para ela, jogando pedrinhas e fazendo poeira. D. Tina se embravece e sai de dentro de sua casa com muita raiva e com uma faca na mão para tomar a bola e rasgá-la. Mas, é claro, a gente não deixa!
Com toda essa confusão, um vizinho dela sai em defesa da ordem. Recolhe a nossa bola e manda a velha de volta para dentro de casa. De lá, ela continua a implicar conosco.
Enquanto isso, improvisamos uma nova bola para dar continuidade ao jogo e logo é feito o primeiro gol da pelada. Emocionados, gritamos em coro:
_ Gol pra velha Tina! Gol pra velha Tina! Gol pra velha Tina!
O jogo termina e a selvagem senhora, brava como abelha arapuá, continua arremessando palavras ameaçadoras contra nós, pacatos estudantes-jogadores. Mas os seus gritos são abafados pela euforia do “gol pra velha Tina!”, “gol pra velha Tina!”, “gol pra velha Tina!”
E tudo volta ao normal até a próxima aula vaga.
Texto de Edvan Alves Ferreira
(aluno do 9º ano da EMEFEM Maria Estrela de Oliveira)
Nenhum comentário:
Postar um comentário