Durante o período de execução das atividades das "Olimpíadas de Língua Portuguesa", de maio a agosto de 2010, vários textos foram produzidos pelos alunos, corrigidos pelos professores, devolvidos, refeitos pelos alunos-autores e reentregues à correção para melhor se adequarem às exigências normativas sugeridas pelo concurso de Redação. Nesse processo de escritura e reescritua de textos, não nos limitamos a um único gênero.
Cambiando entre as propostas das "Olimpíadas de Língua Portuguesa" e um projeto de Língua Portuguesa, que objetiva despertar os alunos para a valorização da cultura local, associando Língua Portuguesa e Cultura, iniciado em março deste ano, os alunos escreveram cartas, relatos, artigos de opinião, bilhetes e crônicas.
O tema proposto pelas Olimpíadas foi "O lugar onde moro". Os gêneros foram: Poesias (5º e 6º anos); Memórias Literárias (7º e 8º anos); Crônicas (9º ano do EF e 1º ano do EM); Artigo de Opinião (2º e 3º anos do EM). Dos textos selecionados, a crônica já foi publicada neste blog e hoje, publico o artigo de opinião, que, mesmo escorregando no gênero, ele apresenta um ótimo retrato da realidade socioeconômica do local relatado e, mais ainda, de como ocorre o porcesso de territorialização sertaneja.
UM PEDACINHO DO SERTÃO
No Sítio Sagui, lugar onde moro, a principal atividade econômica é a agropecuária - uma fusão de duas modalidades: a agricultura de subsistência e a pecuária extensiva. Os produtos de ambas atividades são enviados para feiras locais ou para o consumo próprio dos agricultores.
Na agricultura de subsistência, os pequenos produtores plantam em terras alugadas a grandes proprietários locais. Eles cultivam principalmente algodão, milho e feijão. Metade dessa produção vai para os proprietários, a outra metade, vai para os agricultores que, com essa parte, cobrem os gastos da produção, com equipamentos, inseticidas e até mesmo com o trabalho alugado. No final das contas, não resta quase nada para os agricultores.
Um dos problemas da localidade é a aquisição das sementes para o plantio. Quando o inverno não é bom, a colheita é insatisfatória e os agricultores ficam à mercê dos políticos e dos fazendeiros, que negociam as se mentes e o trabalho dos agricultores.
O governo dispõe sementes aos agricultores já para incentivar a produção em larga escala. Há uma instituição na cidade que fica responsável pela distribuição dessas sementes. Logo após o recebimento, os pais de família procuram os fazendeiros, alugam as terras e começam a longa rotina que dura todo o período chuvoso, que são os meses mais propícios para a agricultura, aqui em nossa região.
O lucro não é muito. é totalmente destinado à alimentação, às despesas com escola e saúde e aos demais gastos para o sustento da família.
Até quando os agricultores vão viver nessa clausura maquiada? Eles poderiam criar formas de reverter esse quadro de dependência agrícola, a exemplo de bancos comunitários de sementes. No entanto, devido à resistência a mudanças, os trabalhadores do campo se mantêm presos à tradição.
Devido a isso, acredito que o futuro econômico da minha comunidade, o Sítio Sagui, não é muito próspero, principalmente por causa das condições socioeconômicas e climáticas, além das culturais, a que estamos submetidos.
Texto de Aline Mirlânia Sabino de Araújo (aluna do 3º ano EM - EMMEO)
UMA VIAGEM EM TORNO DE MIM MESMA
Num final de tarde de um sábado, como sempre, gosto de ir para meu quarto e ficar sozinha. tranco-me, sento-me em minha cama. Fico de frente ao espelho, mais ou menos umas duas horas olhando-me, no fundo dos meus olhos, tentando me entender... compreender-me.
Quando alguém me chama, digo que não quero ser incomodada. Aquele é meu momento.Só eu e mais ninguém. Procuro mergulhar em meus pensamentos e avaliar minhas atitudes: uma auto-avaliação em que eu procuro me conhecer mais e não me criticar por minhas decisões.
No silêncio de minhas atitudes, eu faço uma viagem em torno de mim mesma para me achar.
Texto de Aline Mirlânia Sabino de Araújo (aluna do 3º ano EM - EMMEO)